Fallingwater – Uma obra prima de Frank Lloyd Wright

Conheça Fallinwater – A Casa da Cascata, um dos projetos mais exóticos e incríveis de Frank Lloyd Wright.

Todos querem desenhar coisas. Todos desejam aprender como fazê-lo, claro. Mas não se aprende a criar sentado ao estirador. Tendo na mão o lápis, a regra e o esquadro. Eu nunca me sento ao estirador, e tem sido assim toda a minha vida, até ter tudo na cabeça. Posteriormente, posso alterar. Mas, a não ser que tenha o plano bem delineado, não me veram nunca sentado ao estirador.

Frank Lloyd Wright

Em um local longínquo da Pensilvânia, as margens de um rio, o arquiteto Frank Lloyd Wright Iria se relançar aos 70 anos de idade!

Um bosque meio a essa paisagem parecia ser o local prefeito para a construção de um refúgio para Edgar Kaufmann. Dono de um grande armazém localizado em Pittsburg, Edgar J. Kaufmann Jr persuadiu seu pai a fazer uma casa de fim-de-semana para desfrutar da região junto a sua família, porém ele mal poderia imaginar que sua ideia iria resultar em Fallingwater.

Edgar J. Kaufmann

Edgar J. Kaufmann, seu filho Edgar J. Kaufmann Jr. e sua esposa Liliane Kaufmann

Para dar início ao projeto logo veio um nome em mente para Edgar Kaufmann, Frank Lloyd Wright. Edgar havia sido aluno de Wright na faculdade de arquitetura, e sabia que o mesmo teria a experiência necessária para dar vida as linhas que o próprio Edgar já tinha em mente.

Kaufmann’s informaram a Wright que gostaria que a cascata que havia no local fosse incluída no projeto, era desejo deles que a vegetação presente no local incorporasse o projeto de alguma forma. Demorou nove meses para que as suas ideias se cristalizassem num projeto que rapidamente foi esboçado por Wright e apresentado Kaufmann em Setembro de 1935. Foi então que Kaufmann tomou consciência que o projeto de Wright previa que a casa fosse construída por cima da cascata, em vez de ao lado da mesma como tinha imaginado. Em resposta Writght disse: – “ Quero que viva com a sua cascata, não para ver e sim para que ela faça parte integral da vida de vocês ”.


Fallingwater, fica localizada a 50 milhas ao sudeste de Pittsburgh, em Bear Run, na Estrada Rural 1, secção Mill Run de Stewart Township, Condado de Fayette, nas Laurel Highlands dos Montes Allegheny, Estado da Pensilvânia, Estados Unidos.

Projeto e Construção


Em Dezembro de 1935 foi aberta uma velha pedreira a oeste da água para fornecer as pedras necessárias para as paredes da casa. Os projetos finais do trabalho foram emitidos por Wright em Março de 1936, com as obras a começar na ponte e na casa principal em Abril desse ano.
A construção foi atormentada por conflitos entre Wright, Kaufmann e o empreiteiro da construção. O edifício está feito de tal forma que as quedas de água podem ser ouvidas do seu interior, mas as quedas só podem ser vistas quando se está de pé na varanda do piso mais alto. Este tipo de mistério de arquitetura geométrica intrigou mesmo o próprio arquiteto Wright.


Kaufmann mandou rever o projeto de Wright a uma firma de engenheiros consultores pondo em dúvida se Wright tinha experiência suficiente no uso de betão armado. Depois de receber o relatório, Wright ficou ofendido e pediu imediatamente a Kaufmann a devolução dos seus desenhos e indicou que se retirava do projeto. Kaufmann pediu desculpas e o relatório de engenharia foi posteriormente enterrado dentro duma parede de pedra da casa.


Para os pavimentos em consola, Wright e a sua equipe usaram vigas integrais invertidas com a placa plana na face inferior formando o teto do espaço abaixo. Em Outubro de 1937 a casa principal estava concluída. Na época da sua construção, Fallingwater custou um total de 155.000 dólares, repartidos da seguinte forma: 75.000 para a casa, 22.000 para os acabamentos e mobiliário, 50.000 para casa de hóspedes, garagem e alojamentos dos criados e 8.000 para os honorários do arquiteto. Contando com a inflacção, estes custos traduzem-se em cerca de 2,4 milhões de dólares em 2010.

Confira abaixo algumas fotos dessa obra prima da arquitetura.





Podemos sentir a extensão do génio de Wright integrar cada detalhe deste projeto. Esta residência organicamente projetada foi pensada para ser um refúgio natural para os seus proprietários. A casa é bem conhecida pela sua ligação com o lugar: está construída no topo duma queda de água que corre por baixo da casa.

A lareira com fogão a lenha na sala de estar é composta por rochedos encontrados no sítio e sobre os quais a casa foi construída — um conjunto de pedras que foi deixado no local sobressai ligeiramente através do pavimento da sala de estar. Wright tinha pensado inicialmente que estas rochas seriam cortadas rente ao chão, mas este tinha sido um dos pontos favoritos da família para apanhar sol, pelo que o Sr. Kaufmann insistiu que fossem deixadas como estavam. Os pavimentos de pedra foram encerados, enquanto o fogão de lenha foi deixado ao natural, dando a impressão de rochas secas sobressaindo dum riacho.

A integração com o cenário estende-se até aos pequenos detalhes. Por exemplo, onde o vidro encontra as paredes de pedra não existe friso de metal; em vez disso, o vidro é calafetado diretamente na pedra.
Existem escadas que descem diretamente para a água. Na “ponte” que liga a casa principal ao edifício dos hóspedes e dos criados, uma rocha natural pinga água para dentro, a qual é então diretamente devolvida. Os quartos são pequenos, alguns mesmo com teto baixos, talvez para encorajar as pessoas a saírem para as áreas sociais abertas, molhes e espaços exteriores.

O riacho (que pode ser ouvido constantemente por toda a casa), redondezas imediatas e paredes e terraços em consola de pedra extraída localmente (lembrando as formações rochosas vizinhas) destinam-se a estar em harmonia, em linha com o interesse de Wright em fazer edifícios que eram mais orgânicos e os quais, desse modo, pareciam estar mais envolvidos com as redondezas. Apesar da queda de água poder ser ouvida por toda a casa, não pode ser vista sem se sair ao exterior. O projeto incorpora amplas extensões de janelas e as varandas estão fora da salas principais dando uma sensação de proximidade das redondezas. O clímax experiencial ao visitar a casa é uma escadaria interior que desce da sala de estar permitindo um acesso direto à correnteza abaixo da casa.





As opiniões de Wright sobre o que devia ser a entrada têm sido questionadas; ainda, a porta que Wright considerava ser a porta principal está escondida num canto e é bastante pequena. A ideia de Wright para a grande fachada desta casa é a da perspectiva de todas as famosas fotografias do edifício, olhando para cima a partir do riacho, vendo o canto oposto à entrada principal.


Na encosta acima da casa principal existe uma coberta para quatro carros (apesar dos Kaumanns terem pedido uma garagem), alojamentos para os criados e um quarto de hóspedes. Este edifício exterior anexo foi construído um ano depois usando a mesma qualidade de materiais e a mesma atenção aos detalhes da casa principal. Logo acima fica uma pequena piscina de seis pés de profundidade, continuamente alimentada por água natural, a qual depois flui para o riacho abaixo. Através dum truque visual comparando as paredes da piscina com a paisagem mais além, a piscina parece não ter nível, embora, de facto, o tenha. A coberta foi, sob direcção de Kaufmann, Jr., fechada posteriormente para ser usada pelos visitantes da Casa da Cascata, que geralmente se reúnem ali no final das visitas guiadas. Edgar Kaufmann projetou ele próprio os interiores, mas com as especificações encontradas nos outros interiores da casa projetados por Wright.

Sem duvidas Fallingwater é uma das maiores obras-primas de Wright tanto pelo seu dinamismo como pela sua integração com a impressionante envolvência natural. A paixão de Wright pela arquitetura japonesa foi fortemente refletida no projeto de Fallingwater, particularmente na importância da interpretação dos espaços interiores e exteriores e na forte ênfase colocada na harmonia entre o homem e a natureza.